Quem tem conta bancária provavelmente já foi abordado por seu gerente com uma oferta para a compra de um título de capitalização. Muda o nome, mas o produto financeiro é o mesmo: PIC no Itaú, Pé Quente no Bradesco, Ourocap no Banco do Brasil, Santander CAP no Santander, Caixacap na Caixa e TC no HSBC, citando os maiores bancos brasileiros.
A ideia do título de capitalização é aplicar uma quantia, geralmente mensal, por um determinado período de tempo e retirar o dinheiro poupado mais tarde, acrescido de juros. O grande diferencial, que é a principal propaganda desse produto, é que quem possui o título concorre a sorteios de prêmios bastante atraentes durante o período de vigência do contrato.
Chance de ganhar prêmios, um jeito de guardar dinheiro na marra e retorno financeiro. Esses três argumentos defendidos pelo seu gerente na hora de vender os títulos de capitalização para você, de fato, são verdade. Entretanto, o que muitas vezes não fica muito claro são os pontos negativos desse produto financeiro e que precisam ser considerados antes de optar por essa aplicação. Conheça alguns deles:
Retorno menor que o de outras aplicações
O economista e professor de Economia de Desenvolvimento da Unip, Alexandre Oliveira, explica que o rendimento dos títulos de capitalização equivale à TR (Taxa Referencial). "E não necessariamente é suficiente para cobrir a inflação do mesmo período", acrescenta.
Para se ter uma ideia, entre janeiro e agosto deste ano, a TR acumulada foi de 0,3% segundo o Banco Central, enquanto o IPCA, principal índice brasileiro de inflação, teve alta de 3,2% de acordo com o IBGE.
Já a poupança, cujo rendimento mensal é de TR + 70% da Selic após as novas regras, acumula ganhos de 3,7% no período. O retorno é 12 vezes maior que o do título de capitalização.
Incidência de IR e taxas de administração
Diferentemente da poupança, há incidência de Imposto de Renda na fonte sobre os rendimentos obtidos com os títulos de capitalização, explica Alexandre. "A alíquota pode oscilar entre 20% e 30% sobre resgates e benefícios dessa aplicação.""Além disso, o cliente deve se preocupar com as condições de contratação do título de capitalização, atentando para a previsão de incidência de taxas de administração", acrescenta.
Na prática, isso significa que o rendimento real para quem possui o título de capitalização será ainda menor que os 0,3% acumulados neste ano por conta do desconto do IR e de eventual taxa de administração.
Período de carência
Antes de começar a aplicar em um título de capitalização, é preciso ter em mente que, no futuro, não será possível mexer livremente no dinheiro depositado se a situação apertar. "O aplicador pode ter uma perda que pode chegar a 30% do capital já aplicado caso precise usar o dinheiro de qualquer modo", destaca Alexandre.
Por isso, é importante também observar no ato da contratação qual o período de carência do título de capitalização, ou seja, depois de quanto tempo você poderá mexer no dinheiro sem pagar multa.
Não há garantia de prêmio
Assim como em uma loteria, receber as premiações dos sorteios dos títulos de capitalização depende apenas da sorte. Alexandre destaca os números recentes do mercado de capitalização no primeiro semestre divulgados pela Susep, órgão que regula o mercado de capitalização. Segundo ele, cerca de R$ 9,2 bilhões estão aplicados em títulos de capitalização e R$6 bilhões foram resgatados por quem possuía o investimento. Enquanto isso, uma soma bem abaixo desse valores, R$ 490 milhões, foi distribuída em prêmios aos sorteados.
Fonte: Yahoo! Contributor Network por Jenifer Corrêa
