Entre aqueles com ensino médio completo, por exemplo, o homem tem salário médio de R$ 1.571 e a mulher de R$ 1.144 – diferença de R$ 467 ou 42,30%. No caso do ensino superior incompleto, a discrepância é ainda maior: homens (R$ 2.463) e mulheres (R$ 1.629), variação de R$ 834 ou 51,19%. Já com o ensino superior completo, o abismo salarial é maior, com os homens faturando R$ 5.417 e as mulheres apenas R$ 3.207, o que fecha uma diferença de R$ 2.210, incríveis 68,91% (veja o gráfico).
Para uma das pesquisadoras do levantamento, que atua no SOS Corpo, Verônica Ferreira, são três diferentes fatores que explicam esta diferença salarial. O primeiro deles, é que nesta divisão sexual do trabalho, os postos de mais baixo rendimento são ocupados pelas mulheres no País. "Há uma divisão sexual tanto no trabalho remunerado como no doméstico. Portanto, quando há um aumento da escolaridade das mulheres, a discriminação acaba sendo flagrante", avalia.
Outro ponto, segundo a pesquisadora, é que em postos de trabalho em que a maioria é homem, mesmo com curso superior, as mulheres acabam tendo rendimentos menores. Por fim, a dupla jornada de trabalho, que inclui, muitas vezes, cuidar dos filhos, faz com que as mulheres possam ser deixadas de lado no caso de promoções nas empresas. "A maternidade pode repercutir de forma negativa nas carreiras. É mais difícil uma mulher ser promovida se ela não puder viajar, ficar muito tempo fora de casa. A demanda de trabalho da vida familiar acaba limitando muitas possibilidades no mercado de trabalho", salienta Verônica.
Na pesquisa, inclusive, quando questionadas se "as mulheres sempre ganham menos do que os homens", 63% concordaram com a afirmação. Já entre as mulheres da classe D, que representaram 59% das entrevistadas, 71% concordaram com tal afirmativa. Mesmo ganhando menos, 35% das entrevistadas disseram que trabalham mais que a jornada formal de trabalho (horas extras), 42% atuam entre 1h01 a 2h a mais do que a jornada e 18% de 3h01 a 4h a mais.
Fonte: Folhaweb