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Com juros baixos, ações são opção para futuro dos filhos

Especialistas sugerem diversificar aplicações para mudar o hábito de só poupar na caderneta

18/02/2013 09:22

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Com juros baixos, ações são opção para futuro dos filhos

RIO — O antigo hábito brasileiro de guardar o dinheiro do futuro dos filhos na caderneta de poupança começa lentamente a mudar, após a mexida nas regras da aplicação — que ficou menos rentável — e a queda dos juros básicos, a Selic, para o menor patamar da história, de 7,25% ao ano. Segundo especialistas, formar o colchão financeiro para as necessidades futuras dos jovens — a faculdade, o intercâmbio ou o primeiro carro — exige agora uma dose maior de risco, como aplicar parte do dinheiro em ações de empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Comum entre americanos, a cultura de presentar filhos com ações ainda engatinha no Brasil: são 2.251 jovens de até 15 anos cadastrados em corretoras, segundo dados da BM&FBovespa.

Luan Almeida, de 10 anos, é uma das crianças que já têm parte do futuro financeiro na Bolsa. O pai, Paulo César, comprou ações em nome do filho pela XP Investimentos em busca de ganho maior. O objetivo é pagar uma faculdade particular ou um carro quando Luan completar 18 anos.

— Tenho oito ou nove anos pela frente para que esse dinheiro renda antes de ser usado. É um bom prazo para aplicações em Bolsa. E coloquei as ações no nome dele para que seja a última opção caso precise de dinheiro para cobrir despesas — explica Paulo.

Como o lote padrão para se negociar na Bolsa são de cem ações, o que pode exigir de R$ 500 a mais de R$ 2 mil para cada aplicação na Bovespa, Paulo sugere aos outros pais acumular o dinheiro necessário na poupança para, depois, migrá-lo para as ações.

Especialistas sugerem diversificar

Especialistas lembram que poupar o dinheiro dos filhos em ações tem riscos, como qualquer aplicação em renda variável. Cada pai precisa se informar sobre como funciona o mercado antes de comprar ações. Nesse mercado, o dinheiro aplicado cresce ou encolhe de acordo com os resultados da empresa, que podem ter estratégias acertadas ou erradas, lucros ou prejuízos.

— Os pais precisam saber que o mercado de ações sempre tem riscos e conhecer seu limite. Se o jovem completar 18 anos num momento de crise na Bolsa é possível que o dinheiro do carro tenha caído pela metade. É o risco. Isso aconteceu em 2008. Investir em empresas grandes reduz um pouco essa possibilidade — diz Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros.

Os pais que entendem que o dinheiro dos filhos é importante demais para colocá-lo em ações podem perder boas oportunidades. Para especialistas, as ações não necessariamente devem ser evitadas. O que eles sugerem é diversificar investimentos para moderar os riscos.

Segundo Flavio Lemos, diretor da Trader Brasil, uma parte do dinheiro pode, por exemplo, ser posta em títulos públicos indexados à inflação (os chamados NTN-Bs). Outra em fundos imobiliários. Uma terceira fatia pode ser aplicada em diferentes ações na Bolsa brasileira.

Dinheiro dos filhos não pode virar obsessão

Ele explica que uma carteira como essa tem potencial de se transformar em R$ 64,4 mil com depósitos mensais de apenas R$ 100. Isso se o pai começar a acumular o dinheiro para filho recém nascido até que complete 18 anos.

— É uma carteira semelhante a que fiz para o meu filho, mas nada que eu não possa mexer se precisar do dinheiro. Isso aconteceu com muita gente no Plano Collor, por exemplo. Governos e leis mudam — explica Lemos.

Antonio De Julio, assessor de finanças pessoais, lembra que pensar no futuro dos filhos implica pensar na própria aposentadoria.

— Não adianta guardar dinheiro para os filhos e se aposentar sem economias e virar um peso financeiro para eles. É preciso saber guardar uma parte para si e uma parte para o futuro dos filhos, mas isso nem sempre é uma tarefa fácil. E não existe uma fórmula perfeita — diz De Julio.

A educadora Cassia D’Aquino acrescenta que a poupança dos filhos não pode se tornar uma obsessão. Um exemplo é o de pais que perdem o emprego e deixam de usar o dinheiro da poupança dos filhos por “ser sagrada” e acabam tomando empréstimos com juros muito altos, como o cheque especial.

— É preciso guardar dinheiro suficiente para saúde e educação dos filhos. Mas acho um absurdo ver adultos que nunca viajaram para que o Júnior tenha R$ 1 milhão. Se esse for o objetivo do Júnior no futuro e ele achar que isso é importante, ter R$ 1 milhão, ele vai trabalhar para acumular seu dinheiro — afirma Cassia, autora de livros sobre educação financeira.

Cassia diz que a poupança dos filhos também pode se tornar um processo didático. Segundo ela, é igualmente importante para os adultos ensinar as crianças a ter uma relação saudável com o dinheiro. Um exemplo é incentivar os filhos a fazer a própria poupança, nesse caso a chamada “nanopoupança”, que tem objetivos financeiros de curto prazo e de valores baixos, como comprar um álbum de figurinhas.

Fonte: O Globo

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