Números do quarto trimestre - compilados pelo Valor Data nas demonstrações contábeis de 133 empresas com ações negociadas em bolsa - mostram que a receita é a maior em dois anos. O problema é que os custos também são.
O faturamento cresceu 8,6% em relação ao trimestre anterior, número que não inclui as gigantes Petrobras e Vale. Na comparação com o mesmo trimestre de 2011, o crescimento foi de 18,6%. Já os custos com produtos e serviços (matéria-prima, insumos, mão de obra no chão de fábrica etc.) avançaram 8,7% e 19,6%, respectivamente.
Apesar de o custo maior ter zerado os ganhos nas vendas, o lucro líquido subiu 26% sobre o período anterior e 31% na comparação anual. Esse ganho é explicado pela redução nas despesas operacionais, rubrica que inclui, por exemplo, gastos com publicidade e salário de executivos.
Quando Petrobras e Vale entram na conta, o lucro líquido cai 29% na base anual e a receita sobe 16,5%. Os custos avançam 22,2%. "A percepção é que os negócios permaneceram rentáveis", dizem os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da Coinvalores, mas a recuperação ainda é "incipiente".
Após dois trimestres de crescimento, as empresas reduziram estoques no quarto trimestre. No grupo de 133 companhias, os estoques caíram de R$ 70,5 bilhões para R$ 68,46 bilhões. Segundo os analistas, essa queda reflete os ajustes na produção e a estabilização da demanda.
O "respiro" das empresas no quarto trimestre, depois de um ano de lucros modestos, ainda não se refletiu no Ibovespa, que fechou ontem em 55.576 pontos, abaixo dos 57 mil pontos do fim do terceiro trimestre. Com quatro ações e grande peso na carteira teórica do índice, Vale e Petrobras têm uma boa parcela de culpa pelo mau humor do mercado.
Fonte: Valor Econômico