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Custo de crédito brasileiro é derrubado pela cruzada do governo

Nos últimos 12 meses, o mercado de crédito mudou de forma relevante no Brasil.

01/04/2013 15:05

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Custo de crédito brasileiro é derrubado pela cruzada do governo

Nos últimos 12 meses, o mercado de crédito mudou de forma relevante no Brasil. Desde o início da cruzada da presidente Dilma Rousseff contra os juros cobrados pelos bancos, não há como negar que a pressão política teve resultado.

As taxas médias mensais cobradas pelos cinco maiores bancos do país - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander - recuaram no período entre 13% e 23% no caso de pessoa física, e de 9% a 28% para a pessoa jurídica.

Com raras exceções, os cortes foram maiores do que a queda da Setic. Essa queda, contudo, se concentrou nos primeiros meses a partir de abril de 2012, avançando de forma mais prolongada apenas para a pessoa jurídica. Mas, desde o início deste ano, nota-se uma estabilidade e até uma leve alta nas taxas, especialmente para empresas.

Os números sugerem que se chegou a um "novo normal" no mercado de crédito brasileiro. O atual patamar de juros chega a ser civilizado no financiamento imobiliário, com taxa média em torno de 9% ao ano, e também no crédito para compra de veículos e em algumas linhas para empresas, com o custo médio perto de 15% ao ano. Porém, segue elevado em empréstimos sem garantia e de curto prazo, como cheque especial e crédito pessoal, em que o juro anual médio segue em
130% e 58%, respectivamente. Segundo executivos, no momento há espaço apenas para queda em linhas específicas, como crédito consignado e financiamento imobiliário, em que a concorrência segue forte.

Baseado nos novos dados do Banco Central, o site Valor Econômico levantou as taxas de juros cobradas semanalmente desde o início de 2012 pelos cincos principais bancos do país em onze das principis linhas de crédito oferecidas a pessoas físicas e jurídicas para identificar como cada banco agiu. Em 60 semanas, foram apurados 3.300 dados.

A análise dos números permite concluir que no cheque especial os bancos privados praticamente não se mexeram, enquanto as instituições públicas diminuíram as taxas quase pela metade. Nas demais linhas, Caixa e Banco do Brasil se revezaram na liderança em temos de rapidez e intensidade dos cortes. Os bancos privados também correram atrás e reduziram os juros, mas num ritmo bem menor.

O corte médio nas principais linhas de pessoa física foi de 16% no Bradesco, 12% no Itaú e 11% no Santander. O cálculo leva em conta o custo médio praticado no primeiro trimestre deste ano (até 13 de março), ante igual período de 2012. Na mesma comparação, a queda média das taxas mensais cobradas das pessoas físicas foi de 31% na Caixa e de 22% no BB.

Entre as pessoas jurídicas, a redução média foi praticamente igual para BB e Caixa, em torno de 24,5%. No grupo dos privados, o Santander reduziu mais os juros para as empresas, com corte médio de 18%, seguido pelo Itaú, com 17%, e depois pelo Bradesco, com 13%.

A comparação apenas pelo tamanho dos cortes realizados, entretanto, não mostra o cenário completo, já que quem cobrava menos tinha menos gordura para queimar.
O novo mercado de crédito do Brasil tem BB e Caixa disputando na casa decimal para saber quem tem as menores taxas em cada linha. E os três bancos privados numa batalha separada, com taxas menores que as cobradas há um ano.

Se a competição no mercado fosse perfeita, as instituições privadas perderiam totalmente sua participação de mercado com o tempo. Sem custo para mudar de banco e com informação disponível, que consumidor tomaria dinheiro emprestado, conscientemente, com taxa de juros mais cara?

Portanto, os dois níveis de taxas - um dos públicos e outro dos privados - só se sustenta nas linhas em que a competição é menor. Notadamente, nos empréstimos concedidos para pequenas empresas e pessoas físicas por meio da rede de agências, como desconto de duplicatas, cheque especial e crédito pessoal. Para as linhas de consignado, financiamento de veículos e crédito para grandes empresas, em que a concorrência se dá fora da agência ou por tesourarias de grandes companhias, até pode existir uma diferença entre os bancos privados e públicos, mas é significativamente menor.

Ainda que a concorrência não seja perfeita, os dados de volume de crédito concedido também apontam que BB e Caixa, que lideraram os cortes de juros, estão ganhando participação de mercado de forma consistente.

Fonte: Valor Econômico

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