Em palestra na Expert 2013, congresso anual promovido pela XP Investimentos, o banqueiro do BTG Pactual, André Esteves, avaliou que a economia do Brasil não está tão boa nem tão ruim como está sendo dito nos últimos meses.
Dados recentes mostram que o Brasil segue em tendência de crescimento, a inflação está bem menor que no ano passado, os juros continuam em um patamar historicamente baixo e as reservas internacionais são muitos maiores.
Além disso, o país tem a maior extensão de terras boas para cultivo, tem uma matriz energértica limpa e razoável, abriga uma população jovem e é líder em commodities agrículas, carnes e minério de ferro.
Mesmo com todos esses dados levantados, há outros fatores, conjunturais e estruturais, que dificultam o crescimento do país:
Fatores estruturais:
1) O governo está na direção certa, mas está perdendo o jogo das expectativas - O banqueiro diz que o governo precisa tomar algumas decisões racionais para que o empresários brasileiros voltem a confiar nele e assim, retomar os investimentos.
2) Deficiências em infraestrutura - Carência de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias é outro problema que não preocupa tanto o banqueiro. Segundo ele, esse déficit é uma grande oportunidade para financiar projetos ou participar deles de uma forma mais ativa. Falta ao governo, no entanto, endereçar o problema.
3) O custo-Brasil - A elevada carga tributária do país é um fato que preocupa o banqueiro. Impostos, taxas e contribuições representam 36% do PIB brasileiro. Portanto, fica mais caro produzir no Brasil. Mas, há um consenso na sociedade que é preciso baixar impostos. Segundo o banqueiro, a agenda atual é de redução, ainda que o processo esteja sendo tocado de maneira um pouco desordenada.
4) Educação - Os governos de FHC e Lula, de acordo com o banqueiro, fizeram um trabalho legal nessa área, porém, ainda falta gente qualificada para impulsionar a economia brasileira, e isso leva um tempo.
Fatores conjunturais:
1) O Brasil cresceu muito acima do seu potencial em 2010 e, aos poucos, está desenvolvendo esse ganho. O país teve crescimento potencial de 4% enquanto a alta do PIB em 2010 alcançou 7,5%, precisando devolver os 3,5% adicionais.
2) A economia mundial desacelerou em relação à década passada. A Europa ainda não conseguiu sair do buraco. Enquanto os EUA se recuperam mais rápido que o imaginado e a China e outros países emergentes vêm em desaceleração.
Fonte: Infomoney